Para quem foi das lágrimas de tristeza
às de alegria em tão pouco tempo, é impossível esquecer o ano que passou. Sem
comparar os sentimentos, o técnico Jayme de Almeida reconhece que viveu de tudo
em 2013. Em entrevista exclusiva, ele se emocionou ao lembrar da morte da irmã
Lenira, vítima de câncer há quase um ano, reconheceu que será mais cobrado em
2014, mas não tem medo do que está por vir. Sua maior preocupação é manter o
Flamengo forte e determinado para conquistar a Libertadores.
Você fez algum pedido especial na
virada do ano?
Eu só agradeci por tudo que aconteceu e
pedi saúde para mim, para a minha família e força para seguir trabalhando.
Tendo saúde e disposição, tudo anda melhor.
Geralmente as pessoas do futebol
pedem um título.
Nunca vou pedir um título para Deus. A
gente tem que trabalhar, e aí Ele ajuda. Título não cai do céu só com pedido,
não (risos).
Você viveu de tudo em 2013...
O ano começou muito ruim com a morte da
minha irmã (no dia 17 de janeiro). E foi um golpe muito duro, porque a gente
era muito ligado. (Nesse momento, Jayme para de falar, visivelmente emocionado).
Foi um ano de sofrimento, de um aprendizado enorme e de alegria no final
também. Não preciso pedir nada, é só agradecer mesmo.
Foi o ano mais especial da sua
vida?
Com certeza foi o ano mais estranho.
Não esperava que em três meses tantas coisas bacanas e importantes fossem
acontecer.
A responsabilidade agora será
maior. Isso te assusta?
Quando você faz um trabalho e dá certo,
as coisas vão ficando mais difíceis, porque a expectativa cresce. Você passa a
ter que fazer igual ou melhor. E tem a questão da torcida, que não tinha
esperança de nada e agora tem uma Libertadores. Sei bem como é. A cobrança é
grande, mas não me assusta.
Você esperou que a vida fosse
mudar tão repentinamente?
Foram três meses que mudaram tudo em
termos de trabalho. Não é só a questão de vencer, ganhar um título. É o
reconhecimento do meu modo de ser. As pessoas falando comigo por onde eu ando,
torcedores de outros times dizendo que torciam para eu ter sucesso porque
gostam de mim, porque achavam que eu passava uma coisa boa. Isso tudo é um
prêmio maior do que um título.
Informe de negócio próprio:
Informe de negócio próprio:
![]() |
www.vamopracima.com.br/volare |
Como você analisa o grupo do
Flamengo na Libertadores?
O grupo não é difícil, mas é
desgastante pelas viagens. E tem a questão da altitude justamente na estreia
(contra o León, no México).
Como será o planejamento?
A decisão será do preparador físico,
dos médicos e do fisiologista. Eles estão entre os melhores do Brasil e sabem
como agir. A verdade é que são vários pensamentos sobre o que é melhor, mas não
há uma fórmula ideal. Quando se viaja muito antes e ganha o jogo, dizem que deu
certo. Se não ganha, dizem que o melhor era ter ido mais perto da partida. Mas
vamos chegar bem para a estreia.
Como evitar a euforia que toma
conta do clube sempre que se disputa a Libertadores?
Internamente, tenho que manter os pés
no chão e passar isso para todos. O Flamengo tem um pouco desse clima de
oba-oba quando entra em uma competição tão esperada, porque a torcida se
empolga. Mas é preciso pensar com calma, cabeça fria para conduzir esse
processo e trabalhar ainda mais para melhorar.
É difícil manter o que deu certo
no ano passado?
Temos que manter o espírito da Copa do
Brasil, jogando da mesma forma em casa e fora. Sem relaxar nunca. É seguir esse
pensamento, com a mesma seriedade, porque nada vem por acaso.
A contratação de poucos reforços
preocupa?
O ideal é termos tudo resolvido o
quanto antes. Mas a diretoria está correndo atrás. Não podemos fazer loucuras.
A cobrança vai ser maior, mas é preciso pensar bem, porque estamos no caminho
certo.
Depois de tantas coisas boas, você
está preparado para um possível insucesso?
A vida é assim, né? São bons e maus
momentos. E eu procuro atravessar tudo com serenidade mesmo, sem desespero, sem
mudar o que acho certo ou errado. Tento me manter sempre assim nas horas boas e
nas ruins. Não sou mais garoto para me iludir com sucesso. É legal treinar o
Flamengo, ter o carinho das pessoas, o reconhecimento? Claro que é. Seria
ridículo eu dizer que não mudou nada. Mas quem não pode mudar sou eu. Estou
pronto para tudo.