bajulador -( huuum )
Por Bruno Ramos - Trabalhei com um cara que me disse uma vez: "Bruno, o corrimão para o sucesso é
puxar o saco do patrão."
Ainda me lembro que foi no ano de 2005 que com
um tom gozador este colega de trabalho que sabia muito da vida me pregou na
mente esta sentença um tanto quanto pejorativa, mas que também divide o mundo em
dois grupos de pessoas: os bajuladores e os não bajuladores.
Pra tratar um pouco disso, inicialmente
temos que entender certinho, refletir um pouco sobre do que se trata um
bajulador.
O primeiro de tudo a saber é: um bajulador
quase nunca se confessa um bajulador.
Se você pesquisar no pai dos burros a resposta
para o que é um bajulador vem de forma clara sem rodeios: "que ou quem faz
bajulações, que louva e exagera os méritos de alguém com fins interesseiros.
Adulador, lisonjeador."
O bajulador é uma pessoa que geralmente enxerga
uma excelente oportunidade de negócio, de meio de vida, de gaita fácil, de
crescimento profissional, de visibilidade, de fama, de regalias através de uma
aproximação a alguém que possui algo a oferecer dentre as categorias citadas
acima. Portanto, através de uma aproximação motivada por causas naturais ou
dissimuladas o bajulador se posta próximo a pessoa que pode lhe ofertar um
benefício e rapidamente e oportunamente trabalha para ganhar a confiança do
pretendido bajulado através da amizade, companheirismo até mesmo de sacrifícios
artificiais em prol do sujeito poderoso de quem ele pretende conquistar
favorecimentos.
O desenvolvimento e o desenrolar da bajulação
você já conhece: uma vez conquistado o foro íntimo - pessoal ou profissional -
do candidato, o adulador começa a tecer conselhos, defender o comportamento do
seu bajulado a qualquer custo, se torna um homem ou mulher de confiança, passa
a guardar segredos, intitula-se como aliado e o ápice da história toda: vive a
elogiar, enaltecer, orgulhar-se de tudo o que seu bajulado produz ou deixa de
produzir.
Não sei não, mas acredito que uma bajulação de
um puxa-saco vale mais do que dez palestras motivacionais ministradas pelos
maiores gurus do planeta. Por isso mesmo, o bajulado acaba tendo dificuldade
para opor-se muitas vezes a aproximação do seu adulador. O bajulador trabalha
tão direitinho que ele camufla muito bem camuflado seus interesses, principal
motivo de tudo, com sentimentos por vezes até parecidos a verdadeiros de
amizade. A vítima (lembre-se: poderosa ou endinheirada) começa a entender que
aquele individuo (ou indivíduos) subserviente é importante pra ele, começa a
crer que os sentimentos são verdadeiros e de que esse cara é a representação
perfeita de sua auto afirmação. Então, vai mantendo o bajulador por ali, por
vezes propositalmente, por outras vezes involuntariamente.
Enquanto isso
tudo acontece, o bajulador, que não está ali de graça, vai atingindo seu
objetivo inicial e principal disso tudo: usufruindo de favores que talvez não
seriam alcançados sem o artifício da bajulação - maiores salários, posição de
destaque, torna-se porta-voz de sua personalidade particular, ganha presentes,
honrarias e tudo quanto é privilégio que se possa imaginar.
Entendido o
contexto do bajulador, agora fica fácil conversarmos sobre as consequências da
bajulação.
Davi escreve assim:
Salva-nos,
Senhor! Já não há quem seja fiel; já não se confia em ninguém entre os
homens.
Cada
um mente ao seu próximo; seus lábios bajuladores falam com segundas
intenções.
Salmos
12:1-2
O grave problema da bajulação é que ela age como
uma doença silenciosa. Ela vai penetrando vagarosamente pelos órgãos do corpo e
quando menos se espera, causa uma falência múltipla em quem está contaminado por
ela.
Aquele que se cerca de bajulação acaba criando um mundo paralelo ao
real. O poder da bajulação acaba cegando sua capacidade de perceber erros. Sim,
porque a função maior do bajulador é manter o cenário perfeito diante do
bajulado, mesmo que isso custe mentiras, falsidade, mesmo que inverdades se
tornem verdades, mesmo que a impressão seja falsa.
A função homicida do
bajulador é manter tudo na perfeita ordem perante o bajulado, mesmo quando não
está.
Ele faz isso, porque não está preocupado com as consequências, com
os resultados mortíferos que podem acarretar a seu bajulado. Ele está preocupado
em usufruir o máximo possível de qualquer que se seja sua regalia e pra isso ele
vende a ilusão de que está tudo bem.
Então, intrigas são geradas,
resultados negativos são camuflados, ações errôneas dignas de serem repreendidas
são exaltadas, compromissos fingidos são firmados e no fim, quando tudo estiver
destruído, o bajulador - sempre coadjuvante - "pula" fora, deixa seu bajulado
na ruína e desgraça e vai procurar outro bam-bam-bam para puxar o
saco.
Infelizmente, vivemos em um mundo egoísta e corrupto, onde os
interesses pessoais para muitos estão acima de um sentimento verdadeiro pautado
na sinceridade.
O verdadeiro amigo, o autêntico cristão, não deve pautar
suas relações nem de um lado nem de outro dessa gangorra perigosa.
Tratar
com sinceridade, respeito, possuir estima por alguém não tem nada a ver com
isso. Devemos respeitar sim nossas autoridades, lideres, chefes, quem está acima
de nós, assim como devemos buscar o respeito de quem está num contexto de
serviço a nossa posição, seja ela onde for, em qual esfera for.
Mas os
resultados de nossas conquistas devem ser obtidos por nossos méritos, por nosso
comprometimento franco e desprendido de nossos esforços.
Adiante, Davi
mais uma vez escreve:
Pois
segui os caminhos do Senhor; não agi como ímpio, afastando-me do meu
Deus.
Todas
as suas ordenanças estão diante de mim; não me desviei dos seus
decretos.
Tenho
sido irrepreensível para com ele e guardei-me de praticar o mal.
O
Senhor me recompensou conforme a minha justiça, conforme a pureza das minhas
mãos diante dos seus olhos.
Ao
fiel te revelas fiel, ao irrepreensível te revelas irrepreensível,
ao
puro te revelas puro, mas com o perverso reages à altura.
Salvas
os que são humildes, mas humilhas os de olhos altivos.
Salmos
18:21-27
O batalhador e homem de Deus Jó também toca no
assunto:
Tenho
que falar. Isso me aliviará. Tenho que abrir os lábios e responder.
Não
serei parcial com ninguém, e a ninguém bajularei,
porque
não sou bom em bajular; se fosse, o meu Criador em breve me levaria.
Jó
32:20-22
Nos afastemos irmãos dessa prática tão perversa
e busquemos amar e respeitar nosso próximo com sinceridade, justiça e verdade,
elogiando quando preciso, repreendendo quando necessário, mas sempre pautados
naquilo que nosso Deus nos revela através da sua palavra.
"pescado" no Casa & Música.