Parece absurdo, mas é o que está acontecendo. Por conta da morte do ex-governador Jackson Lago (PDT), tem muita gente querendo se aproveitar para tirar dividendos políticos. Talvez até na esperança de herdar seu legado. Um crime contra a memória do ex-governador.
O maior exemplo pôde ser verificado ontem durante a chegada do corpo do pedetista ao aeroporto. O ministro aposentado Edson Vidigal parecia estar em campanha. Distribuía santinhos dele com Jackson da dipsuta do ano passado quando foi candidato ao Senado, dava seus tradicionais pulinhos e acenava para as pessoas como se estivesse em período eleitoral.
Já o ex-chefe da Casa Civil Aderson Lago, primo do pedetista, rechaçou em nome da família a nota de pesar enviada pelo presidente do Senado, José Sarney.
- A máfia que mata é a mesma que manda flores, faz elogios e vai ao enterro – disse ele ao Globo, numa referência ao fato do grupo Sarney ter buscado a cassação do ex-governador na Justiça Eleitoral.
No entanto, segundo artigo do próprio Vidigal, quem causou a “morte física” de Jackson foi o fato dele “ter confiado em quem não valeu a pena confiar” (reveja). No artigo, o ministro aposentado não cita nomes, mas o recado é endereçado ao ex-governador José Reinaldo (PSB) e o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB) por conta da campanha nas eleições passadas no sentido que Jackson era “ficha suja” e não seria candidato.
Mas poderia ser ao próprio Aderson. O ex-chefe da Casa Civil foi pilhado na “máfia”, comandada por ele mesmo, e que ficou conhecida como “Ópera Prima”, onde usou empresas dos próprios filhos parar desviar dinheiro do governo comandado pelo primo.
Alíás, Aderson é um “oportunista político”. Passou boa parte de sua vida brigado com Jackson e só se uniu com o “velhinho” no segundo turno da campanha de 2006, vindo receber como prêmio a chefia da Casa Civil, onde não deixou saudades. Foi um prêmio por ter atuado como candidato “laranja” naquela eleição.
Mais: ainda quando a Assembleia funcionava na Rua do Egito, o então deputado estadual disse a mim, diante de várias pessoas, que “Jackson é meu primo mas não morro de amores por ele”.
Eram de espinhos como este que o ex-governador deveria ter permanecido longe.
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