Suzano - Foto Divulgação e Blog Interligado
Não quero aqui me posicionar contrário à implantação do Grupo SUZANO em nosso estado. Todos sabem que a chegada de um empreendimento desse porte, em qualquer município, significa aberturas várias no campo econômico e social, contribuindo para com a melhora da auto-estima da população por conta dos muitos empregos que serão ofertados. E empregos significam renda no seio familiar. Emprego esse que não chega até ao nosso caboclo ali na roça, visto que ele só sabe cultivar pequenos roçados e criar seus pequenos animais, que serão vendidos para poder comprar o arroz, o feijão, a farinha, etc...
A minha linha de reflexão flui devido ao inevitável esmagamento da atividade de subsistência – A ROÇA - provocado pela industrialização; o que nós - o “cidadão simples” - não podemos nem pensar em provocar um debate buscando contribuir para o entendimento, visto que o poder capital é selvagem e não ta nem ai para os efeitos colaterais negativos que surgem a cada novo grande empreendimento.
Estou discorrendo o meu ponto de vista para com o tema SUZANO no Maranhão é devido aos resultados negativos que já estão aí pra todos nós observarmos. Falo dos desmatamentos já praticados na região do baixo Parnaíba, compreendendo os municípios de Brejo, Santa Quitéria, Urbanos Santos, Chapadinha e Buriti, e outros. Sem falar nos campos gerais de Coelho Neto e Caxias, que já sofrem com a derrubada das suas matas.
No fim de semana passado - em visita ao povoado Mata Grande – Caxias/MA - fomos surpreendidos ao saber que o Grupo Suzano comprara 900 hectares de terras daquele município para desmatar e, em seguida, fazer plantio de mudas de Eucalipto, matéria prima para celulose. Tudo isso seria normal se esses desmatamentos não provocassem o desaparecimento das nascentes de muitos “pequenos rios” desta região do maranhão (Alto, médio e baixo Parnaíba). E aqui já fico muito preocupado com as nascentes da “Limpeza”, que está dando sinais de que pode voltar aos velhos tempos, quando tinha uma grande vazão de água e grande oferta de peixes a seus ribeirinhos.
Outro efeito colateral negativo desses desmatamentos é a falta de áreas para o exercício da “roça de subsistência” obrigando o nosso caboclo a ficar inativo, lhe restando apenas correr atrás dos programas sociais do governo, que são apenas paliativos.
Pé de Bacuri - Foto Raymundo José
Não posso deixar de mencionar o Bacuri e o Pequi, indispensáveis na mesa do nosso trabalhador maranhense, que começa a desaparecer. Uma grande reserva nativa desses frutos - ali do município de Caxias, mais precisamente no chapadão entre aquele município e Coelho Neto já foi toda destruída para o plantio de soja. Reserva essa que desaparecerá com o desmatamento desses 900 hectares da Suzano. (Colaboração do Antenor Ferreira = Blog Interligado - clique e confira)
(......ESTRAGOS DA SUZANO – as áreas adquiridas pela indústria são sempre planícies, sobrando aos pequenos agricultores morros e encostas. O plantio de leguminosas, arroz, milho e outros cultivos, são inviabilizados. Aos poucos o sertanejo vai perdendo suas terras e seu direito de viver. Sem falar na degradação de mananciais, sugados ao extremo para irrigação dos plantios. O abastecimento de muitas comunidades está prejudicado.)
Os grandes empreendimentos são indispensáveis para o progresso de qualquer município, mais podem deixar legados negativos. Cito Coelho Neto como exemplo, que no passado já teve o maior parque fabril do Maranhão e que hoje sofre buscando caminhar sem os grandes impulsos do grupo João Santos, já que atualmente perdemos a operacionalidade da Itapagé – Celulose e Artefatos, que empregava vários milhares de pessoas de Coelho Neto e de além fronteiras. Tínhamos também a Itaguatins S/A – agropecuária, com mais de Seis mil cabeças de gado. Restando agora apenas a operacionalidade da Itajubara S/A – açúcar e álcool, que já chegou a fabricar Um milhão de sacos de açúcar, e que atualmente só opera na usinagem de álcool. Essa citação ao grupo João Santos é necessária pois o legado negativo de uma situação dessa é a falta de opção de trabalho para os sobreviventes dessa “escorregada”. E o que sobrou desse escorregão? Bom, uma cidade que vem aprendendo a conviver sem o poder total capital da industrialização.
Grupo João Santos - Foto Raymara
E se não tivesse os programas sociais do governo federal e do estadual, como esse povo estaria vivendo se não há oferta de frentes de trabalho?
Roça de Subsistência - Foto Francymary
Mesmo com todo esses descompassos, Coelho Neto vem procurando alinhar-se novamente na sua caminhada. O governo do Prefeito Soliney Silva vem, gigantemente, fazendo a sua parte. O que não é tudo, pois o povo precisa é de trabalho e renda, esses ofertados nos grandes empreendimentos operacionalizado no município. E que agora falta em Coelho Neto. Se não garantirmos espaços para o trabalhador da roça cultivar seus roçados, se não garantirmos as áreas de reservas das nascentes dos rios, se o Pequi e o Bacuri não tiverem atenção especial e se o desmatamento selvagem continuar, como não acreditar que no amanhã será impossível viver em comunhão. Ou seja, o caboclo, o grupo João Santos e a Suzano, ambos em seus espaços, contribuírem para com o progresso de cada município.
A industrialização é bem vinda, mais pode trazer sérios prejuízos se pequenos detalhes não forem providenciados.
A situação é complicada, mas....... fica aqui o registro
A industrialização é bem vinda, mais pode trazer sérios prejuízos se pequenos detalhes não forem providenciados.
A situação é complicada, mas....... fica aqui o registro
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